Quem nunca se sentiu bloqueado e inibido no processo de criação, na realização de uma prova, no trabalho ou até mesmo em um relacionamento, por temer o erro? Culturalmente, o erro é visto de uma forma muito negativa, não existindo o costume de se falar sobre o que não deu certo, ou o que não está bom.
As pessoas vivem controlando o aparecimento das falhas, como se elas representassem algo muito ruim, que não deve ser notado. Tentam se agarrar, muitas vezes, a falsas “certezas” como garantia de suas escolhas e decisões.
Lidar com o incerto conduz, muitas vezes, ao lugar da culpa e do temor pelo julgamento-interno/externo. Na clínica infanto-juvenil, percebo uma busca incessante dos pais pelas “certezas”, “coisas certas a se fazer” em relação a criação e educação das crianças e adolescentes. Mas será que existe mesmo uma fórmula? Ou algo certo?
Quando os pais fazem essa ligação entre “o seu valor enquanto pais” e o “desenvolvimento/comportamentos dos filhos”, ficam cheios de culpa e frustrações, porque nem sempre suas expectativas são atendidas. Quando isso acontece, fica difícil aceitar e acolher o comportamento não desejado - como as “birras”, o resultado ruim em uma prova, a agressividade e os atrasos -, já que associam o desempenho dos filhos a um erro em seu ensinamento.
Visando reforçar o seu sentimento parental e garantir a felicidade dos filhos, os pais tentam exercer controle sobre todas as situações em suas vidas a fim de não lidar com a possibilidade do “insucesso”, o que não é possível por não existir uma fórmula mágica de educação. Além do mais, o melhor para as crianças e adolescentes pode não ser o melhor para os pais.
Para que as crianças e adolescentes consigam lidar com o erro de uma forma mais natural, é importante que os adultos primeiro aprendam a acolher e aceitar suas falhas. O erro é intrínseco à humanidade. Criar um espaço de diálogo com as crianças e adolescentes é uma forma de aprender e abrir horizontes de conhecimento sobre si e o outro.
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