Como podemos escutar e acolher o medo infantil se, muitas vezes, temos os mesmos temores? É natural, durante todo o desenvolvimento humano, sentir medo. Seja ele de escuro, de prova, de ladrão, de assalto, de bruxa ou de violência. O que muda é o que nos motiva a temer.
Quando vivenciado de forma amena e saudável, o medo tem o papel de nos proteger de possíveis riscos e ameaças. A infância é uma fase em que o pavor pode tomar maiores proporções, já que, nessa fase etária, é difícil distinguir a fantasia da realidade.
Além desses temores, que são próprios do desenvolvimento infantil (escuro, monstros, ficar sozinho), atualmente tem crescido a tensão em relação à violência. As crianças estão cada vez mais temerosas com a possibilidade de assaltos, mortes e agressões, já que a sociedade está cada vez mais conectada às mídias sociais, aos jornais, aos jogos e aos desenhos, que disseminam e acabam por reforçar e evidenciar a violência, deixando ambos, adultos e crianças, inseguros. O que podemos fazer diante desse fato? Como podemos ajudar as crianças?
· A primeira sugestão que dou a vocês é que conversem com elas. Estejam abertos para ouvir suas inseguranças, mostrando que é natural sentir medo e que vocês (pais e responsáveis) também já o sentiram, e ainda sentem. Tranquilizem-nas; digam que vocês estão cuidando da sua segurança e que ela pode deixar isso em suas mãos. Não temos como garantir que não vá acontecer nada de ruim, mas podemos acolher e confortar a criança em seu medo, deixando-a mais segura.
· Segunda sugestão: Evitem que tenham acesso aos telejornais. Não comentem informações de violência com outro adulto na sua frente e restrinjam seus acessos a filmes que possam assustá-las. É impossível controlar tudo que a criança vê ou escuta o todo o tempo, mas, ainda que de forma limitada, essas restrições são importantes, já que ela ainda não possui estrutura cognitiva e emocional para absorver e lidar com as informações, podendo ficar impressionada, ou mesmo adquirir uma possível fobia.
· Terceira sugestão: Utilizem a imaginação da criança como forma de amenizar os seus medos. Aproveitem das estórias infantis e das brincadeiras lúdicas para ir recriando novas possibilidades para lidar com as situações que geram receio no mundo infantil.
Espero que as dicas possam ajudá-los com o contato com a criança. No entanto, caso os medos persistam, procurem um psicólogo infantil para acompanhá-la e auxiliar os pais e responsáveis.
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